sexta-feira, 25 de março de 2016

Dollhouse - Prólogo

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Prólogo.

A fumaça se expandia pelo quarto cada vez mais. Ele conseguia ouvir perfeitamente os gritos no andar de baixo, seus pais estavam tendo mais uma vez uma grande briga. O motivo era sempre o mesmo, a infidelidade do seu pai. Acabou se acostumando com aquilo, o clima de rivalidade e rancor esteve sempre presente naquela casa.
Jogou o cigarro pela janela do seu quarto e escutou batidas na porta. Mandou a pessoa entrar e revirou os olhos ao perceber a sua irmã ali. Sem dizer uma palavra, ela acendeu outro cigarro e começou a fumar, oferecendo em seguida ao seu irmão. Ele sabia perfeitamente que ela não veio ao seu quarto pelo cigarro, ela queria uma droga um pouco mais pesada.

- Eu não tenho. - Ele disse. - Como vai lá em baixo?
- Mamãe viu papai transando com uma puta no quarto deles. - A garota respondeu como se não fosse nada demais. - Para a sorte deles hoje é feriado e os empregados estão todos em suas casas, caso contrários não seríamos mais a família perfeita.
- Pouco me importa esse negócio de "família perfeita"... - Ele pegou o cigarro da mão da garota.
- Nunca mais viu Zayn?
- Acho que foi preso. Eu o procurei ontem e não o encontrei.
- Descuidado!

Ouviram algo se quebrar no andar de baixo, mas nem sequer se preocuparam em saber o que era. Continuaram ali, fumando em silêncio. Em questão de segundos a mãe abriu a porta do quarto e olhou em reprovação os filhos, enxugou algumas das lágrimas e esperou se recuperar para poder falar.

- Vistam-se! - Ordenou. - Vamos para a piscina e tiraremos uma foto.
- Foto, foto, sorria para a foto... - A garota ironizou.

Sem repreende-la, a mulher fechou a porta do quarto e se retirou. Os dois irmãos se entreolharam com um sorriso sínico no rosto e riram. Achavam patético a forma como a mãe deles ignorava as traições do marido e se permitia fingir ser feliz. Sabiam perfeitamente que no trabalho ela sentia inveja das amigas que tinham casamentos melhores que o dela e filhos considerados perfeitos para ela. Diferente deles, as outras famílias eram realmente felizes.
Os quatro eram ricos, muito ricos. Mas do que adianta tanto dinheiro sem um pingo de felicidade?

A menina levantou-se e vestiu um biquíni escolhido por sua mãe. Ele era bem simples, tinha uma coloração azul e era bem vestido. Bateu na porta do quarto do irmão e juntos foram para a piscina. Sua mãe já estava lá, com a maquiagem retocada e um sorriso completamente falso no rosto. Sentaram-se na beirada da piscina quando o pai veio com seu iphone e uma expressão tediosa no rosto.

- Sorriam!

E obedecendo o comando do homem, os três abraçaram-se e sorriram como se estivessem muito felizes.
Eram verdadeiros atores.

E essa era a rotina daquela família. Logo após uma briga, eles tiravam uma foto para mostrarem a todos que estavam felizes, que eram uma família perfeita. E todo o seu público realmente acreditava que tudo aquilo era real. Mal eles sabiam dos segredos obscuros que aquela família guardava.

Continua...

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